O demónio
Misteriosamente, todos os dias aparecia na janela do quarto dela uma lindíssima rosa vermelha, mas coberta de espinhos. Tantos espinhos, que era inevitável, não sugirem duas ou três gotas de sangue nos seus dedos ao tocar-lhe.
Desconhecia totalmente o autor de semelhante oferenda e mais ignorava como seria ele capaz de colocar a flor dentro do seu quarto. Mas a estranheza inicial foi dando lugar a um sorriso expectante cada vez que a noite se aproximava.
Um dia, sentiu uma presença no quarto e pressentiu estar a ser observada. Olhou em volta e fixou o olhar nas sombras mais escuras do quarto e percebeu que algo ou alguém estava ali. De uma forma mecânica foi-se aproximando até que umas mãos fortes lhe envolveram a cintura estreita. Sem reacção, deixou-se ir naquele abraço e deixou que ele encostasse o seu corpo ao seu. Aquelas mãos percorreram as suas costas e seguraram docemente o seu rosto.
Ele beijou-lhe os lábios suavemente e sorriu.
- "Quem és tu?" - perguntou ela suspirando.
- "O teu demónio" - respondeu ele.
Ele sorriu mais uma vez mostrando dois caninos pontiagudos, que enterrou suavemente no pescoço dela.