O regresso
A jornada foi longa por terras distantes. Há muitos meses que o corpo cansado de George se ressente com saudades do conforto da sua terra, da sua gente e do seu amor.
Conheceu um pouco mais do mundo, mas reconhece agora que a melhor parte desse mundo está ali, naquele pequeno recanto do bosque, naquela pequena casa e nos braços de quem lá está dentro e o espera de coração apertado, desde o dia em que partiu.
Lágrimas de felicidade teimam em sair cá para fora. Houve momentos em que teve a certeza que não regressaria aqui. Houve batalhas duras e cruéis que o fizeram duvidar de que voltaria a ver a sua mulher.
Traz consigo algumas moedas, que permitirão viver desafogadamente algum tempo, mas traz também marcado na alma a crueldade da guerra e a certeza do quão insana e sem sentido esta se pode tornar.
Regressou e isso é o mais importante. Agora o tempo encarregar-se-á de o fazer esquecer os gritos dos cavaleiros que assim procuravam espantar o medo, o relincho dos cavalos aterrados e o barulho de metal contra metal nas escaramuças corpo a corpo, que agoram povoam a sua cabeça e pior que tudo, também os sonhos.