Que nem um cacho...
Há três horas que Jack espera por ela. Por esta altura já percebeu que ela não vem, mas mantém a espera, mais por teimosia do que por esperança.
Estava tudo planeado ao pormenor. Ela escapar-se-ia de casa, quando os últimos raios de luar se começassem a esconder dos feixes dourados da alvorada. Traria uma camisola e um par de calças vestidos por baixo do seu vestido. Ao chegar ao cais, trocaria de roupa por baixo do pontão e cortaria o cabelo curto como o de um rapaz. Assim poderia arranjar trabalho no navio de Jack, como grumete.
Ele esperararia por ela, num pequeno bote, depois de reunir todas as poupanças das suas piratarias bem sucedidas e trataria de lhe arranjar trabalho como camareiro do capitão. O plano era simples: desertar no primeiro porto onde parassem e ser felizes para sempre, onde quer que fosse.
Mas há três horas que o plano está condenado ao fracasso e Jack acaba por beber sozinho o vinho especial que comprara para celebrar o momento em que, enfim sós, começariam uma vida nova.